Quando falamos em sponsoring é comum pensarmos na ideia de patrocínio, seja de uma ação, equipa ou evento. No entanto, essa definição clássica do sponsor como fonte de recursos financeiros é simplificada e pode dificultar tanto o entendimento quanto limitar o grande potencial que um patrocinador pode ter em diferentes situações.

No caso dos projetos, independentemente da área que for, o sponsor é uma pessoa com interesse num projeto e que irá viabilizar a sua execução ao garantir os recursos organizacionais necessários. É normalmente um gerente executivo ou diretor da empresa quem tem a responsabilidade geral sobre o projeto. Neste caso, o sponsor não só precisa ajudar financeiramente, mas também ter disponibilidade, poder e influência para garantir que os propósitos do projeto sejam cumpridos.

Isso não significa que um patrocinador externo irá interferir no dia a dia de um projeto, mas para que consiga dar o apoio organizacional de que falamos, o sponsor precisa atender, no mínimo, quatro pontos:

1# Ser interessado – Para que o patrocinador esteja de facto envolvido com o projeto, é preciso que tenha grande interesse naquilo que está a investir. A intensidade do interesse influencia a motivação do sponsor, o que é fundamental para a sua participação no projeto, principalmente para tratar de questões críticas.

2# Dar mais do que dinheiro – Como já falamos, patrocínio não é só dinheiro, até porque dinheiro não é a resolução de tudo. Um projeto precisa de profissionais, equipamentos, suporte, entre outros aspetos que vão além do apoio financeiro. Portanto, cabe também ao sponsor garantir que o aparato organizacional trabalhe em favor do projeto caso os responsáveis pela organização não consigam fazê-lo sozinhos.

3# Estar disponível – O sponsor não pode ser alguém inacessível e que não tenha o mínimo de tempo disponível para dar apoio e mentoriaao projeto. Ter uma certa disponibilidade, mesmo que limitada, é fundamental para o trabalho da equipa de projeto.

4# Ter influência –  É importante que o patrocinador tenha poder e influência na equipa para garantir o seu envolvimento em toda a organização. Ou seja, o sponsor pode ser o diretor de uma área, num projeto que envolve profissionais de outras direções, mas, quando necessário, é preciso que ele consiga interceder em nome do projeto junto dos outros diretores e direções.

Diferentes perfis de sponsor num projeto

Ter um projeto patrocinado exige disciplina e paciência. Não é só porque alguém acredita na sua ideia que esse alguém será a melhor pessoa do mundo. É bem comum acontecerem alguns desvios de comportamento quando falamos do sponsor de projeto. Alguns perfis acabam por ser mais complicados de trabalhar e tornam-se nocivos ao projeto. Abaixo listamos exemplos de patrocinadores que podem cruzar o seu caminho – cuidado com aqueles exemplos que não devem ser seguidos.

Exigente e justo

É o perfil de patrocinador que deseja ver resultados, porém, sem cometer injustiças. Acompanha de perto o projeto e está presente nas situações críticas e auxilia nas decisões difíceis. Este tipo de sponsor é extremamente exigente e justo, por isso, cobra do projeto o mesmo que lhe oferece, sem deixar de influenciar positivamente a equipa para garantir um ambiente adequado de trabalho que viabilize a conquista dos resultados esperados.

O autoritário

Alguns patrocinadores sentem a necessidade de controlar todas as ações do projeto que estão a investir. Porém, esse perfil dominador acaba por limitar extremamente a autonomia e o poder de decisão do gestor do projeto e da sua equipa. E não estamos a falar da falta de confiança. Aqui a questão é a necessidade de manter uma relação formal e de submissão. Em resumo, é um tipo de sponsor mais difícil de trabalhar.

O professor

Existe aquele patrocinador que sabe muito e gosta demasiado de partilhar os seus conhecimentos com a equipa de projeto. A questão é quando surge aquele problema sério e urgente que precisa de uma resolução rápida e o sponsor faz quase uma aula, com informações sem relevância para que se encontre uma solução prática. Geralmente é uma pessoa carente de elogios.

Desligado e nada prestável

Há também aquele perfil de patrocinador que não faz questão alguma de saber qual a sua real função no projeto e acaba por não ajudar em nada. Esse tipo de sponsor costuma ter o olhar distante quando o gestor fala sobre decisões difíceis a serem tomadas. De um modo geral, o patrocinador “desligado e nada prestável” não está nem um pouco preocupado e comprometido com o projeto. A solução é tratá-lo com paciência e persistir nas resoluções que lhe cabem.

O incoerente

É aquele sponsor que não sabe muito bem o que quer, mas costuma fazer discursos eloquentes sobre a importância de algumas cenas para o projeto. No começo, a equipa pode ficar confusa, pois este tipo de patrocinador acaba por criar uma assustadora dimensão das ações necessárias. Porém, com o tempo fica clara a incoerência no discurso, pois o próprio sponsor esquece o que disse ou faz o contrário.

Temos aqui alguns perfis complicados, não é? Esperemos que eles não se cruzem pelos projetos do leitor ou que o leitor não se enquadre em algum deles. Como vimos, o sponsor deve ser um aliado do projeto, o que inclui ter uma boa relação com o gestor e sua equipa. Só assim conseguirá criar um alinhamento dos objetivos do projeto com a estratégia da empresa e garantir que as ações previstas tenham um desenvolvimento pleno.