Pizza saudável, porque não?
Participantes do FoodBiz mostram como a indústria e a restauração estão a adaptar-se aos novos hábitos alimentares dos seus consumidores
20 · 03 · 2019
Fazer com que os alimentos sejam saudáveis, mas que tenham o mesmo sabor. Essa é uma das grandes missões do Founder & CEO na Madpizza, Paulo Portela. O empresário levou à conferência FoodBiz 2019, organizada no dia 14 de março pelo IMR e a GS&IMR, o debate sobre os diferentes conceitos da alimentação saudável ao relatar a sua experiência com a Madpizza. Paulo Portela participou numa mesa redonda com o Diretor Ibérico de Food Service na Bonduelle, João Baldaia, mediada pela jornalista no Etaste, Catarina Amado.
Afinal, é possível fazer fast food com qualidade nutricional? Paulo Portela acredita que sim. Ele mostrou que a sua empresa leva muito a sério um dos pratos mais populares do mundo e como a sua equipa tem trabalhado para desenvolver o conceito do fast food com qualidade. “Nunca percebi porque uma pizza não pode ser low carb. Se bem pensada, a pizza pode ser um alimento completo, com nutrientes”, defendeu.
Para lograr tamanho desafio, a Madpizza investe em pesquisas e testes para adaptar as receitas, sem perder a qualidade e, principalmente, o sabor. Há anos que a empresa seleciona farinhas ricas em fibras, desenvolve produtos com baixo teor de glúten, faz parcerias com produtores locais, utiliza apenas produtos frescos, entre outras ações que a aproximam do propósito de produzir pizzas mais saudáveis, baseadas na alimentação mediterrânica.
Paulo Portela costuma dizer que na Madpizza é o forno que é rápido e não a confeção da comida. Isso porque, embora tenha alternativas mais saudáveis, a empresa não pretende abandonar o modelo do fast food. “Há 10 anos entrámos num mercado que estava dominado e controlado por marcas de junk food, portanto, a comida rápida era sempre muito associada à comida que não era muito saudável. Entrei no mercado para contrariar todos esses princípios e esses valores”, comentou o empresário.
O segredo, portanto, não está em abstrair-se do conceito inicial da comida rápida. Embora seja um consumo sempre muito agressivo, Paulo Portela acredita que cabe aos operadores a obrigação de ir contra essa forma de consumo e apresentar alternativas saudáveis e refeições equilibradas dentro do contexto do fast food.
Como mostrar que a indústria se preocupa?
Paulo Portela, Catarina Amado e João Baldaia durante a participação no FoodBiz 2019. Imagem: Tasty Studio.
Se até as empresas de fast food estão a adaptar os seus menus para atender às novas necessidades dos consumidores, para a indústria não deve ser diferente. E foi esse o ponto de destaque no discurso do Diretor Ibérico de Food Service na Bonduelle, João Baldaia, quando apresentou a Bonduelle para o público do FoodBiz 2019.
Os hábitos de consumo mudaram, não há quem duvide. Os consumidores estão mais conscientes, informados e segmentados o que gera diferentes necessidades. Se por um lado há o público que deseja voltar à moda antiga, com as refeições mais naturais e caseiras, por outro lado há aqueles que esperam e exigem uma mudança por parte da indústria.
A transparência e o fácil acesso às informações do que se está a comer são exigências básicas do novo consumidor. É preciso ainda atender aos novos gostos e formas de comer. Há quem esteja preocupado com o açúcar, ou quem descobriu que é intolerante à lactose, mas que não quer deixar de consumir derivados do leite.
Tem ainda as pessoas que fogem do glúten, as que escolheram não comer nada de origem animal, os consumidores que acreditam que comer é um ato político, os que seguem tudo apenas porque está na moda e ainda aqueles que combinam diferentes perfis num só. A lista é extensa, o que torna extremamente desafiadora a tarefa de atender todo esse público ao mesmo tempo em que se mantém os lucros.
Com um mercado tão desafiador, João Baldaia não tem dúvidas: “Nós, como indústria, temos que nos adaptar”, salientou durante a sua participação no FoodBiz. No caso da Bonduelle, indústria de food service presente em Portugal desde 1989, é preciso mostrar como uma conserva pode ser saudável e útil para a confeção de refeições coerentes com os novos hábitos de consumo.
Para isso, a Bonduelle investe na sua missão de fazer com que os vegetais sejam acessíveis a todos os chefs, fáceis de comprar e de cozinhar, além de serem apreciados por todos os consumidores pelo facto de serem saborosos, apetecíveis e saudáveis. De acordo com João Baldaia, a empresa ainda se preocupa em adaptar os seus produtos a todos os segmentos da restauração, tanto comercial quanto social.
Para reforçar o posicionamento quanto à preocupação com a saúde, João Baldaia salientou o compromisso da empresa com a agricultura em Portugal, com destaque para a parceria com 230 agricultores locais. Também, apresentou uma vasta gama de novos produtos que estão a ser criados, como purés, pepitas e opções vegetarianas de enchidos para facilitar o consumo de quem está a mudar os hábitos alimentares.
Tanto o caso da Bonduelle como o da Madpizza são, portanto, exemplos de como os novos paradigmas estão a influenciar o êxito na restauração e na indústria. São demonstrações de como o setor de food service precisa responder às crescentes necessidades de consumo consciente e às novas preferências dos seus clientes, sem deixar de lado o prazer e a experiência.