O que foi tendência na restauração em 2018?
O mundo da restauração é cada vez mais um espelho da metamorfose dos tempos modernos
11 · 01 · 2019
Os negócios em Portugal já estão preparados para oferecer uma experiência gastronómica adaptada a um novo estilo de vida? A resposta é sim. Incorporar nos planeamentos de marketing dos restaurantes as tendências que se impõem no setor da alimentação, é meio caminho andado para o sucesso. O consumo de forma natural, sustentável e transparente vai fazer, cada vez mais, parte do nosso quotidiano e a aposta numa alimentação saudável já é considerada a tendência mais forte.
Queremos que as refeições sejam saborosas, saudáveis e nutritivas e que, ao mesmo tempo, sejam interessantes e inovadoras. Independentemente de preferências alimentares individuais, também é importante que todos encontrem algo adaptado a todos os gostos nos restaurantes.
Posto isto, quais são as tendências mais marcantes do retalho alimentar atualmente?
1- Alimentação saudável
Como já foi referido, atualmente há uma maior preocupação com a saúde e consequentemente um maior cuidado com a alimentação. Há cada vez mais menus a oferecerem opções saudáveis, que têm captado a atenção dos clientes, principalmente com o aumento dos amantes do fitness.
Incluir opções direcionadas a vegetarianos, veganos e intolerantes ao glúten e lactose, não aparece apenas como uma estratégia de marketing, mas possibilita que outros públicos consumam os produtos que gostam nos restaurantes.
Neste contexto, a consciência ecológica é igualmente importante, pois os consumidores estão a eleger refeições feitas com produtos orgânicos, não processados a nível industrial, pois conhecem os seus benefícios ao nível da saúde e também do sabor dos alimentos.
Para atrair mais clientes, uma alimentação baseada em plantas será uma aposta ganha. Os restaurantes já não precisam de se converterem em vegetarianos, veganos ou flexitarianos (prática de comer carne em menos de três refeições por semana), mas sim terem na sua oferta pratos elaborados com legumes com produtos 100% orgânicos.
Relativamente ao consumo da carne, crescerá o consumo de aves de curral e animais de crescimento lento, cuja produção se baseie em processos menos agressivos.
Em relação a fast food, ganharão terreno os locais que, apesar de servir comida de preparação mais rápida e informal, mantenham a bandeira do saudável e gourmet.
A utilização criativa dos resíduos e a aplicação do trashcooking (técnica culinária baseada em sobras), de forma quotidiana, também serão muito valorizados pelos clientes. É importante assim, não só servir uma comida mais natural, como também contar com planos de eficiência energética e de redução de lixo em prol do meio ambiente, assim como realizar ações de responsabilidade social.
Foto:Divulgação
2- Experiências dinâmicas
Conciliar a vida movimentada da sociedade atual com a oferta na restauração resultou na criação de experiências gastronómicas como fator surpresa. Um exemplo dessas experiências são os restaurantes itinerantes, uma tendência que já existe e que está a ganhar mais força. Os restaurantes são móveis, proporcionando experiências diferentes aos clientes. Desta forma, chefs e proprietários de restaurantes, fazem tours gastronómicos em diferentes cidades do mundo para satisfazer mais paladares. É uma forma de dar a conhecer as novas propostas no sector, as novas gerações e também retirar proveito desta tendência que tenta provocar reações de surpresa e aprovação nos clientes todos os dias.
Outro exemplo são os “fast casual” com toque do chef, que consiste no atendimento ao balcão com receitas mais elaboradas e criativas. Os chefs estão a explorar cada vez mais o espaço do fast food e os menus estão focados em ingredientes frescos e de alta qualidade. Assim, os chefs criam versões de restaurantes finos de hambúrgueres, pizzas, sanduíches e muito mais.
O aparecimento de restaurantes mistos é mais um exemplo de criação de experiências. Em 2018, mais que uma necessidade alimentar, comer fora de casa é uma forma de lazer. E é neste sentido que aparece esta tendência em 2018, na qual os clientes possam comer, beber uns copos e inclusive dançar no próprio restaurante. Num contexto onde há cada vez mais clientes que procuram restaurantes onde possam comer quando saem à noite, para prolongar a conversa à mesa ou ficar até mais tarde para beber uns cocktails, abrir estabelecimentos onde as bebidas, cocktails e música ao vivo, estão lado a lado com a cozinha é meio caminho andado para o sucesso.
3- Cozinhas étnicas e regionais
Através de viagens e da internet, as comidas étnicas romperam as barreiras geográficas e são consumidas e socialmente aceites noutros países. Têm origem no património e na cultura de algum grupo étnico que usa os seus conhecimentos acerca de técnicas, recursos, ingredientes, plantas e/ou produtos locais para preparar receitas típicas.
A aposta na cozinha regional também está a ganhar destaque com a valorização dos produtos autóctones e da gastronomia tradicional através da certificação de produtos como Reserva Gastronómica Mundial.
4- Sustentabilidade
Os consumidores estão cada vez mais conscientes dos impactos negativos que o seu consumo tem no planeta e na sociedade. Aproximadamente um terço dos alimentos produzidos é desperdiçado e a sociedade está a fazer pressão para que haja uma mudança na forma como usamos e administramos os recursos. Cada vez mais, os consumidores estão a preferir marcas que tenham valor social e ambiental. Ajudar a reduzir o impacto negativo do desperdício na indústria de food service desencadeia grandes iniciativas e gera lucros futuros para aqueles que são capazes de provar o seu sucesso.
As práticas de armazenamento de alimentos e outros procedimentos operacionais podem quantificar exatamente a quantidade de alimentos que são desperdiçados e ajudar os donos dos estabelecimentos a identificar as áreas onde devem concentrar os seus esforços e investimentos. Depois de identificar o que será desperdiçado, é importante desenvolver menus adaptados, com porções menores, de forma a reduzir o desperdício. Por fim, ajuda a definir um plano para o que não pode ser usado ou evitado, como doar a comida a quem precisa ou a reciclagem e transformação de alimentos em adubos.
5- Refeições personalizadas
Consiste em adaptar a oferta do restaurante às necessidades concretas dos seus potenciais clientes, bem como permitir que participem na criação dos produtos e serviços, para oferecer exatamente o que procuram e fidelizá-los. Como por exemplo, dar ao cliente a possibilidade de escolher entre uma variedade de ingredientes e apresentações para cada prato, ou dar um toque pessoal aos alimentos. É uma forma de aumentar a sensação de exclusividade e tende a atrair mais clientes.
Outro exemplo é a personalização de embalagens. Sendo que o primeiro contato de qualquer cliente com o alimento é a partir da embalagem, o uso de algum tipo de personalização pode causar uma boa impressão e fidelizar clientes.
6- Produtos orgânicos e artesanais
O estilo de vida saudável não se preocupa apenas com a tabela nutricional dos pratos, mas também com a origem deles. A procura por alimentos orgânicos está a aumentar nos últimos anos e os consumidores privilegiam ingredientes e alimentos produzidos artesanalmente no próprio estabelecimento.
Atualmente, os chefs continuam a prestar mais atenção à qualidade e à proveniência das matérias-primas que utilizam. Estão a diminuir os alimentos processados e a servir uma variedade maior de alimentos naturais e integrais que são mais saudáveis e saborosos.
O mercado das cervejas artesanais, fabricadas pelo próprio estabelecimento, é um dos que já está consolidado em Portugal. Não é uma tendência propriamente nova, mas continua a dar sinais de crescimento. Todas as semanas há notícias seja ao nível de novas marcas ou abertura de novos espaços. A cerveja artesanal está a sair do universo exclusivo dos bares e a chegar em força aos restaurantes.
Foto:Divulgação
7- Inovações tecnológicas
Numa sociedade com sucessivas transformações, é cada vez mais importante oferecer ao cliente ferramentas que melhorem o atendimento e o tornem mais fácil, com a comodidade da internet e das aplicações.
O autoatendimento no food service é uma das fortes tendências dos bares e restaurantes em 2018. Através deste sistema, os tradicionais blocos de papel são descartados e o atendimento é realizado diretamente da mesa, com tablets ou smartphones, que enviam informações de forma automática para a cozinha.
Este tipo de tecnologia permite que o trabalho se torne mais rápido e prático e resulta numa maior satisfação dos clientes e otimização do atendimento.
O menu eletrónico está cada vez mais na moda e tem como principais vantagens uma maior facilidade do atendimento, a diminuição dos erros e a redução nos custos com mudanças, para além de que proporciona uma experiência única ao cliente. Permite que os consumidores façam os pedidos de uma maneira mais prática, rápida e visual, utilizando um tablet ou smartphone. Desta forma, o trabalho do empregado é reduzido e o atendimento é mais rápido.
Mais informações sobre o tema tecnologia na restauração neste texto.
Concluindo, a fase da intensa industrialização do consumo, com comida standartizada e ingredientes menos naturais está a desaparecer de vez e está a ser substituída pelo regresso às raízes com a valorização da saúde, da sustentabilidade e de experiências cada vez mais reais e autênticas. O consumidor procura cada vez mais ser desafiado e surpreendido, e a democratização da internet e dos smartphones alteraram profundamente a forma como os consumidores escolhem, comem e interagem com as marcas.
A restauração está assim em constante mudança para enfrentar a necessidade de se digitalizar e oferecer soluções flexíveis que vão de encontro aquilo que os clientes atuais esperam.