O e-commerce não irá acabar com as lojas físicas
Estudo revela que não estamos próximos do fim das lojas físicas, mas até 2030 muitas mudanças devem acontecer para que os negócios offline mantenham-se em pé
11 · 10 · 2019
A perceção de que resta pouco tempo para as lojas físicas é compreensível mediante o alto crescimento do setor de e-commerce. No entanto, um estudo feito pela empresa norte-americana Frost & Sullivan traz uma informação reveladora sobre os hábitos de consumo. De acordo com a pesquisa, apenas um em cada quatro consumidores prevê fazer as compras totalmente online em 2030.
Isso significa que apenas 23% dos consumidores pretendem abandonar as compras em lojas físicas, o que é positivo para o comércio atual. No entanto, não se trata de um indicador de que o retalho seguirá o mesmo, pelo contrário, sobreviverão à transformação digital aqueles negócios que estiverem abertos às novas mudanças e aptos a acompanhá-las.
Os consumidores que pretendem continuar a comprar nas lojas físicas nos próximos anos acreditam que este tipo de comércio não será mais o mesmo. O estudo americano aponta a integração entre a experiência física e a experiência digital como uma das fórmulas para o sucesso.
Entre as principais mudanças está a troca do conceito das lojas físicas, que deixarão de ser apenas um local com a exposição de produtos para se tornarem showrooms com oferta de experiências imersivas que não estarão disponíveis em formato digital.
A realidade das lojas em 2030
A transformação digital de uma forma global e a forma como tem afetado diferentes setores, a exemplo do retalho, é uma situação evidente e sem volta. O mundo dos games e do entretenimento, por exemplo, aproximou a realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR) do quotidiano dos consumidores atuais. Isso faz com que as pessoas naturalmente esperem o uso desse tipo de tecnologia nas suas experiências de compra.
Por esse motivo podemos dizer que o e-commerce não irá acabar com o centro comercial físico, mas forçará uma mudança na forma como as lojas são estruturadas. Uma previsão da realidade nas lojas de 2030 feita pela Westfield, uma empresa que possui vários empreendimentos comerciais na Europa e nos Estados Unidos, mostra que os futuros centros comerciais serão quase como microcidades hiperconectadas, marcadas pela interação social e pela criação de comunidades.
De acordo com a empresa não faltarão sequer jardins climatizados e cursos artificiais de água dentro desses centros comerciais. Parece uma cena de filme, certo? Mas o facto é que os novos padrões de consumo estão a mudar todos os dias o que cria uma grande necessidade de aprimoramento e mudança de estratégia no retalho.
Para realmente se enquadrarem na nova realidade, as lojas físicas terão de saber reinventar-se e assim conseguirem ir ao encontro dos desejos dos consumidores. Isso pode incluir tornar real o que antes só era visto no cinema.
Como responder às mudanças?
É fundamental perceber que as compras deixarão de ser o único motivo que levará os consumidores a deslocarem-se às lojas e aos centros comerciais. Afinal, com a internet muita coisa pode ser feita sem ter de sair de casa.
Portanto, qualquer negócio que tenha lojas físicas precisa perceber que estamos a presenciar o fim das barreiras entre os diferentes canais de venda. Embora não seja nova, a ominicanalidade está a ser aprimorada. A prática de comprar online e retirar na loja, por exemplo, está mais acessível do que nunca.
É por isso que o setor logístico terá de se adaptar. Os participantes do estudo citado no início deste artigo preveem que num futuro breve sejam os robots a reabastecer os stocks das lojas e a procurar os produtos solicitados pelos clientes. Faz muito sentido quando pensamos que o objetivo principal é otimizar os stocks das lojas físicas para que sirvam como pontos de devolução ou troca de produtos comprados na loja digital. É uma maneira de integrar os serviços online e offline para oferecer uma gratificação instantânea dos clientes.
A tecnologia é, portanto, a chave do futuro das lojas físicas. Tal como as gigantes do e-commerce, que já utilizam algoritmos de inteligência artificial para detetar padrões de consumo, também as lojas físicas precisam de tirar vantagem das novas tecnologias.
Boa parte dos consumidores não faz mais distinção entre loja, website ou aplicação do smartphone. O importante é encontrar o que procura, de forma conveniente e a bom preço. O consumidor quer um atendimento personalizado, com recomendações e informações pontuais, não importa que sejam de um vendedor ou de um algoritmo. É por isso que “ganha” quem o conhecer melhor para sanar as suas necessidades.
Com as expectativas altíssimas em relação à experiência de compra, a única maneira de atender a todos os atuais desejos é investindo em tecnologia. É por isso que especialistas preveem que a transformação digital dos próximos anos será a mais profunda da história do setor.
Agora que já sabe sobre a alta probabilidade de que a loja física não morrerá, é preciso ter em conta da necessidade de amadurecer a forma de trabalhar. Há ferramentas prontas para ajudar o retalho a crescer ainda mais. Ter a tecnologia como uma aliada pode ser um passo importante e fundamental para manter-se em sintonia com o consumidor e consequentemente firme dentro do mercado.