Novos formatos, novos clientes
Como estão os novos formatos a alterar os conceitos de restauração? Conheça duas novas tendências: restaurantes pop up e restaurantes partilháveis
08 · 03 · 2019
A influência das redes sociais e a agitada vida moderna condicionam as expetativas dos clientes no setor da restauração. É por isso que criar novas experiências adaptadas a este padrão é tão importante para os estabelecimentos que querem sobreviver num mercado que exige cada vez mais inovação e criatividade.
Duas tendências derivadas deste contexto são os restaurantes pop up e os restaurantes partilháveis. Fique a conhecer estes novos conceitos em ascensão:
Restaurantes pop up: edições limitadas que captam clientes
Os restaurantes pop up começaram como uma opção inovadora, caracterizando-se por instalações rápidas e pequenas, ideais para eventos. Este tipo de estabelecimento é uma tendência criada no início da década de 2000, em países como Austrália e Inglaterra e estão a ter cada vez mais força com formatos inovadores na captação de clientes.
O tempo é o fator chave no êxito destas experiências, porque os clientes sentem-se especialmente atraídos pelas edições limitadas, nas quais o “só por poucos dias” produz uma necessidade de consumo imediata.
Outro elemento deste formato que mais atrai clientes é a mobilidade. Por serem projetos que vão mudando de lugar e em alguns casos de staff, geram expectativa e curiosidade assim que são anunciados, fator que cria um certo prestígio cultural dentro do setor.
O que são os restaurantes pop up?
Esta nova tendência pode ser compreendida como um restaurante temporário. Em alguns casos existe a ocupação de imóveis transitoriamente vagos, marquises cedidas por um período determinado, ocupações de áreas e pátios comerciais em horários alternativos, entre outros.
O que marca a diferença neste novo formato é que os pratos servidos não se enquadram na categoria comida de rua, além de que o estabelecimento não ocupa um lugar fixo por tempo determinado, como um quiosque ou uma rulote.
Outro ponto que o difere é que os pratos servidos são gourmet e procuram sempre inovar para cativar os consumidores.
Um restaurante pop up pode ser ideal para aquele investidor que deseja adquirir novas experiências, mas ainda não se sente seguro para investir no modelo tradicional de restaurante. O facto de ter custos reduzidos faz com que seja indicado também para jovens chefes que procuram a oportunidade de testar novos pratos e atingir um novo público-alvo.
Diferentes formas de captação de clientes pop up
1- Equipas gastronómicas que fazem experiências pop up
No seu conceito original, os restaurantes pop up são equipas gastronómicas que circulam por diferentes espaços, oferecendo o seu produto durante dias, semanas, meses ou épocas. Funcionam com todos os elementos de um restaurante convencional, mas sem uma sede fixa e é aí que reside a magia do seu “espetáculo” com data de validade.
2- Restaurantes que abrem as suas instalações a restaurantes pop up
Há restaurantes que abrem os seus espaços a outros restaurantes por um tempo limitado, como forma de aumentarem a sua captação de novos clientes e também a sua fidelização, já que os seus clientes habituais agradecem a oportunidade de experimentarem pratos confecionados por novas mãos, nas mesmas mesas que costumam reservar.
3- Restaurantes que mudam temporalmente e têm uma experiência pop up
Neste exemplo, um restaurante muda durante um tempo a sua localização, a sua ementa, estilo e até mesmo a sua imagem para se converter em pop up. É uma boa estratégia para aumentar a visibilidade nas redes sociais como o instagram, já que os seguidores se surpreenderão com esta nova faceta do restaurante. Também serve como estratégia pontual para subir as vendas em datas especiais.
4- Restaurantes que convidam chefes para fazerem eventos pop up
Num contexto em que os chefes têm muita visibilidade, é natural que haja uma maior afluência de eventos pop up, nos quais os protagonistas são mesmo eles (os chefes). Podem-se tratar de estrelas Michelin ou de jovens talentos, o certo é que os clientes reservam mesa com antecedência suficiente de forma a conseguirem desfrutar deste prazer efémero.
O design ideal para restaurantes partilháveis
No contexto atual, em que tudo é cada vez mais rápido e crescem as encomendas de comida online, como é que os restaurantes independentes vão convencer as pessoas a sentarem-se e a comerem a refeição dentro do seu estabelecimento?
Em Portugal, onde há uma cultura de restaurante, esta discussão pode não parecer tão dramática, mas ignorar as mudanças sociais pode fazer com que os empresários da restauração deem um passo atrás.
Posto isto, com uma concorrência cada vez maior e conceitos mais variados, será que é suficiente a promessa de “boa comida”?
Na verdade, comida de qualidade e conveniência só levarão os restaurantes até determinado ponto, enquanto que um design interior único, ponderado e com propósito, será crucial para atrair mais clientes.
Já se nota um esforço de alguns empresários portugueses, principalmente os mais jovens, em acompanhar os tempos modernos e as mudanças sociais ocorridas, daí nascerem os conceitos como os espaços de brunch, as novas tascas e o gourmet.
Podemos assim enumerar as tendências de design para restaurantes partilháveis que já estão a ter destaque em alguns espaços dentro e fora de Portugal:
1- Design Minimalista
Este tipo de design, embora possa parecer um pouco frio e distante para os clientes, também pode trazer uma lufada de ar fresco num mercado que está a atingir o ponto de saturação em interiores sobrecarregados.
Mas para contrariar a frieza deste tipo de espaço, o dono do estabelecimento deve apostar nos detalhes.
Enquanto os menus se tornam mais coloridos e os espaços mais compactos, mas menos confusos, todos os detalhes são importantes. Desde a personalização da iluminação e do espaço em geral, em que todos os cantos contam uma história.
2- Wallpapers personalizados
No Instagram esta tendência já se fez notar nas residências e agora chegou também aos restaurantes. Escolhas ousadas e gráficas de papel de parede, que sobressaiam a área do estabelecimento, tendem a ser uma forma mais acessível de criar drama e estilo a uma parede vazia. Sem dúvida que esta é uma tendência que já chegou a Portugal e o segredo é criar desenhos únicos e personalizados para o restaurante.
3- Junção de cores
Parece que a moda da conhecida “comida unicórnio” veio para ficar e continua a crescer. Esta é uma oportunidade para os empresários da restauração se destacarem da concorrência. Para além disso, é uma excelente forma de atração nas redes sociais, onde o público mais jovem apela por um design mais holístico.
Dar pormenores ousados de cor nas cadeiras, bases de mesas, paredes, azulejos do chão, ou até mesmo combiná-los com tons neutros como pastel, podem fazer o seu estabelecimento sobressair.
4- Madeiras quentes
Restaurantes carregados com detalhes de madeira parecem ser a resposta para o conceito de “acolhedor”. Na verdade, a madeira autêntica recuperada é cara e pode ser difícil de encontrar, mas parece que também é uma tendência que veio para ficar.
No futuro, restaurantes que se queiram destacar nessa área poderão procurar outros tipos de madeira, com cores e texturas diferentes, de forma a encontrar um equilíbrio entre as cores e as texturas sem correr o risco de tornar o espaço muito pesado.
5- Disposição de assentos não tradicionais
No que diz respeito ao design, o que é demasiado tradicional é chato e isso reflete-se cada vez mais na atualidade.
No futuro, o conforto vai ser crucial e vamos ver os restaurantes a terem uma abordagem multiusos dos seus layouts de assentos, principalmente nos espaços de refeição. Para isso basta adicionar sofás, cadeiras estofadas e mesas mais baixas para separar os espaços. As pessoas querem experiências, opções e conforto, e utilizar uma atmosfera multiuso ajuda a oferecer-lhes tudo isso.
As redes sociais elevaram a experiência do consumidor a outro nível, por isso é que é tão importante pensar em ideias que captem a atenção do cliente, a ponto de ele que ele se identifique, fotografe e compartilhe nas suas redes sociais.
O instagram e outras plataformas de fotografias ajudam (e viciam) as pessoas a contarem as histórias da sua vida para os outros. Histórias algumas vezes muito mais coloridas e cheias de filtros do que na vida real, mas que recebem muitas visualizações e respostas, o que interessa para as marcas.
Para criar uma identificação com o produto ou com o serviço, a ponto de que ele seja um motivo de “orgulho” para ser fotografado e partilhado, é preciso saber as tendências de consumo do seu público-alvo e superar as suas expectativas de forma visual.
Há diversos motivos para a sua marca ser publicitada desta forma pelos clientes, seja porque acharam algo curioso e engraçado ou porque representa o seu estilo de vida.
Como vimos, atualmente muitos espaços são concebidos por profissionais para que as pessoas entrem propositadamente para passar um momento, para consumir ou conhecer os produtos, e aproveitarem também para tirar fotos nos cantinhos bem decorados com frases de efeito, que depois são marcadas na sua rede social.
Assim como também há consumidores que escolhem os produtos com os rótulos mais inovadores a pensar no registo virtual, sem falar daqueles que fotografam os pratos de comida mais bonitos e exóticos que aparecem nas suas mesas de restaurantes.
Seja qual for o tipo de produto ou serviço que uma marca desenvolva, o importante é fazer uma embalagem que surpreenda, anexar um cartão com uma frase inspiradora, fazer uma reunião num lugar interessante para marcação da localização geográfica, etc. Ou seja, demonstre algum tipo de carinho que faça com que a utilização do produto se torne uma experiência digna de ser compartilhada com os amigos do seu cliente. Pense em como o seu produto pode ser associado a um lifestyle e ganhar publicidade online do cliente. Uma empresa só ganha ao criar um link emocional com o cliente, mesmo que não vá parar no instagram ou facebook, já é um grande passo para conquistá-lo e fidelizá-lo.