Inovação e tecnologia marcam 2º dia do Study Tour

Após a visita ao retalho mais tradicional e na sequência da Web Summit 2018 que decorreu entre os dias 5 e 8 de Novembro, a delegação da GS&MD, empresa brasileira, voltou a fazer um study tour, mas desta vez por algumas das empresas mais tecnológicas do mercado português. 

Organizado pelo IMR e GS&IMR, o segundo dia de roteiro focou-se essencialmente nas tendências do setor e no poder da tecnologia para o desenvolvimento das marcas. O programa incluiu a apresentação de cinco empresas de referência em Portugal, nas quais os retalhistas brasileiros tiveram a oportunidade de aprender como criar novas experiências tecnológicas e reforçar a fidelização dos clientes.

Omnicanalidade: o novo segredo de vendas

A visita começou às 9:30 na Worten do Centro Comercial Colombo, uma loja omnicanal do grupo Sonae que se apresenta como uma das mais interativas do mercado português.

Neste espaço existem áreas de interação com o cliente, para demonstração e experimentação do produto como gaming, hoverboard, drones ou robots, e os chamados Expert Points, que são espaços de aconselhamento ao cliente. Seguindo uma lógica omnicanal, também passaram a ter um balcão de click & collect, onde os clientes podem levantar nas lojas os produtos encomendados online. A cadeia deu também novo destaque à zona Worten Resolve, afirmando-se como especialista na resolução de problemas técnicos.

O responsável Mário Costa, diretor ibérico de conceito da loja, explicou que a capacidade de reinventar o negócio determinou o posicionamento da marca no mercado. “A junção do online e offline é o nosso caminho e é desta forma que conseguimos surpreender os portugueses todos os dias com as melhores ofertas, promoções, ambientes de loja e experiências”, realçou.

Em seguida, o grupo visitou a Wells, do mesmo grupo, também no Colombo, onde tiveram contacto com os vários serviços de saúde, estética, bem-estar e ótica que existem naquele espaço. 

Novas experiências de consumidor: funcionalidade e atratividade 

Com uma vista privilegiada, a comitiva, composta por sete brasileiros, almoçou no rooftop do mais recente espaço dos armazéns do El Corte Inglês.

Localizado no 7º andar do edifício e intitulado como “Gourmet Experience”, este novo conceito inclui restaurantes assinados por chefes nacionais e internacionais e outros locais dedicados à prova e venda de produtos gourmet.

José Guerra, o chefe desta área sugeriu aos retalhistas brasileiros “levarem o El Corte Inglês para o Brasil”, pois considera que “toda a loja em si é um conceito diferente do que já existe”. “É um grande armazém e torna a experiência de compra totalmente diferente”, frisou o responsável.

Durante a tarde, o grupo dirigiu-se para Alfragide, onde visitou dois negócios inovadores na implementação de estratégias de melhoria da experiência do cliente. O primeiro, localizado no centro comercial Alegro, foi o que mais surpreendeu os turistas. 

Encomendar comida sem filas

Chegar a um restaurante ou a um cinema e esperar na fila até ser servido é uma coisa do passado. Foi esta a ideia que despertou a curiosidade dos sete retalhistas brasileiros quando conheceram o sistema desenvolvido pela Levoo.

Funciona através de apps ou de quiosques, onde o cliente pode escolher o prato que quiser e encomendar sem pagar mais por isso. Depois de receber a notificação no telemóvel quando o pedido está pronto, o cliente mostra o talão ou o smartphone para ir buscar a refeição. Dá a possibilidade de comer dentro do restaurante ou levar para casa. Os pagamentos são feitos com cartões de crédito e de débito, pelo sistema PayPal ou mesmo pela aplicação MB Way. Não há custos-extra para o cliente e os restaurantes pagam uma comissão para estar na empresa.

Esta técnica permite dar uma melhor experiência de consumo ao cliente que se livra do incómodo de estar numa fila. Começaram por implementar este sistema no Centro Comercial Alegro em Alfragide, mas já existe noutras superfícies comerciais e já têm pedidos de mercados internacionais.

Para Pedro Sousa, um dos sócios da Levoo, o contacto com os retalhistas brasileiros é importante “porque é mais um mercado para expandir este conceito”.

Uma experiência diferente para um dos visitantes, Paulo Queiroz, publicitário, que viu nesta ideia uma alternativa de negócio. “Uma loja de pequena dimensão não teria dinheiro suficiente para sozinha investir numa estrutura de dados digitais como faz o Mc Donalds, que é poderoso. Mas com este serviço isso já é possível”, sublinhou.

Acrescentou ainda que no Brasil “ainda não existe em escala esse pedido por quiosques”. “Há pedidos por aplicação para delivery, mas não numa praça de alimentação. Pelo contrário, os centros comerciais brasileiros entendem que a permanência das pessoas nas áreas de alimentação é um bom negócio porque 25?s receitas vêm do estacionamento”, explicou.

Mais experiência, mais inspiração

A última paragem foi pelo showroom da loja Leroy Merlin Alfragide, um novo conceito que veio complementar a oferta atual da loja. São 1500 metros quadrados com diferentes soluções inovadoras, produtos exclusivos de design das melhores marcas e a possibilidade de criar ambientes personalizados para quem tem já tem ideia do que precisa ou para quem anda à procura de inspiração. Desde a cozinha, casa de banho ou até mesmo o jardim, este showroom foi pensado e escolhido ao pormenor e o grupo de brasileiros teve a oportunidade de experimentar cada detalhe do projeto como se fosse real. 

José Fernandes, responsável Leroy Merlin, orgulha-se de afirmar que esta é a loja da marca que mais vende em Portugal e sublinhou que se destaca pelos serviços prestados aos clientes. “Já não é importante se temos este artigo ou o outro, ou se praticamos um determinado preço, mas sim aquilo que podemos fazer de diferente e como podemos criar uma relação com os clientes. É isso que é o futuro e é isso que também deveriam fazer no Brasil”, argumenta.

No final do dia a delegação brasileirachegou cansada ao hotel mascoma bagagem cheia de presentes e ideias. Thiago Theodoro, um dos visitantes e gerente regional da Cargill, frisou a importância dos dois dias do study tour. “Saímos todos daqui a ganhar, tanto os profissionais que nos apresentaram os projetos, como nós, pela troca de ideias ao longo do dia. Mas a grande aprendizagem é que mais do que nunca precisamos de levar experiência ao consumidor final. Hoje não basta só vender um produto, tem que se agregar valor a isso e é essa a grande diferença do comércio do futuro”, concluiu.