Fatores que impulsionam a conveniência do consumidor
As mudanças sociológicas que temos vindo a assistir nos últimos anos trazem-nos um consumidor que pede menos tempo e menos esforço nas suas compras
06 · 05 · 2019
A hiperconectividade e estilos de vida mais agitados influenciam as decisões de compra dos consumidores globais. Eles querem conforto em todas as etapas do processo de compra e o compromisso da marca com produtos e serviços. No entanto, conforto significa coisas distintas para diferentes consumidores e é cada vez mais importante para as empresas entender as tendências regionais e globais focadas nas necessidades de conveniência.
Existem seis fatores que direcionam os consumidores para a conveniência e, ao entendê-los, as empresas podem adaptar-se e melhorar as suas soluções conforme as necessidades do consumidor.
1- Rápida urbanização
Os consumidores estão a migrar para as áreas urbanas à procura de melhores perspetivas de emprego, melhores infraestruturas e serviços e uma gama mais ampla de opções de estilo de vida. Atualmente, a maioria dos consumidores já mora em cidades e a estrutura em evolução dos ambientes da vida urbana traduz-se num ritmo de vida cada vez mais acelerado, com mais necessidade de tempo dos consumidores. Para lidar melhor com os desafios do estilo de vida urbano, os consumidores continuarão à procura de novas maneiras de simplificar as suas vidas.
Nas suas escolhas de conveniência, os consumidores vão querer mais eficiência e maior utilidade, e a tecnologia avançada vai ser cada vez mais utilizada, quando disponível, para auxiliar na tomada de decisões. As empresas precisam de aproveitar a tecnologia intuitiva para identificar os principais pontos de contato do consumidor e fornecer soluções que o ajudem a satisfazer as suas necessidades.
2- Casas menores
Com o aumento da densidade populacional, o espaço limitado para as novas moradias e o aumento dos preços das propriedades, muitos consumidores estão a diminuir as suas casas. A necessidade de grandes moradias também está a diminuir como resultado da diminuição do agregado familiar ou do aumento das pessoas solteiras, especialmente nos mercados mais maduros.
Essas tendências estão a gerar uma mudança no comportamento do consumidor. Em moradias menores, por exemplo, as áreas de preparação de refeições, armazenamento e alimentação precisam ser racionalizadas, e isso significa que os consumidores reconsideram as suas escolhas de produtos, padrões de utilização e dinâmica de compra. As empresas terão de se concentrar mais em produzir embalagens que economizem espaço, produtos multiusos, ofertas de serviço único e opções ideais de refeições de tamanho familiar.
3- Mais tempo gasto em transportes
Os terrenos limitados e os altos custos de investimento são as principais barreiras para que muitas áreas urbanas desenvolvam a infraestrutura de transporte que as suas populações em rápido crescimento necessitam.
Em muitas cidades, o congestionamento está a aumentar, a propriedade de carros está a diminuir e os consumidores estão a gastar cada vez mais tempo em transportes públicos. Globalmente, os consumidores fazem em média duas horas para se deslocarem diariamente entre a casa e o trabalho, sendo que moradores urbanos de países em desenvolvimento, como o México, Tailândia, Indonésia, China, Turquia e Brasil, enfrentam ainda deslocações mais longas. Com mais tempo gasto “na estrada”, os consumidores têm menos tempo em casa para cozinhar e limpar, e as refeições são frequentemente consumidas “no caminho”. As opções de consumo e compras estão a evoluir de forma a adequarem-se melhor às vidas mais ocupadas, o que traduz-se em oportunidades para os fabricantes e retalhistas considerarem produtos domésticos mais multifacetados, refeições prontas para consumo em áreas de trânsito e transporte, bem como oportunidades de e-commmerce para compras em circulação.
4- Evolução de géneros
Com mais mulheres no mercado de trabalho, o papel tradicional das mulheres de cuidar de compras, cozinhar e de tratarem de outras tarefas domésticas está a mudar e passou a ser partilhado com os homens. Com o aumento de casais a trabalhar fora de casa, a conveniência destaca-se nas suas escolhas.
5- Necessidades geracionais
Hoje as pessoas estão a viver mais do que nunca e a proporção global de consumidores acima de 50 anos está a aumentar, especialmente nos países mais desenvolvidos. As mudanças demográficas de idade também produzem mudanças no comportamento do consumidor.
A evolução da tecnologia, a capacidade de gastar e a gestão das despesas variam consideravelmente entre as gerações e as suas necessidades de conveniência também diferem. Por exemplo, nos mercados com populações envelhecidas, as embalagens fáceis de abrir e as entregas ao domicílio podem ser mais procuradas, ao passo que nos mercados dominados pelos Millenialls, é mais provável que os consumidores procurem embalagens que economizam espaço, refeições prontas para o consumo e ofertas mecanizadas.
Para as famílias de crianças pequenas e em idade escolar, as opções saudáveis de lanche podem tornar-se mais importantes para os consumidores. Um sólido entendimento da evolução demográfica nos mercados é essencial para que as empresas adaptem as suas ofertas de conveniência às necessidades das diferentes faixas etárias.
6- Uso da tecnologia
A utilização da tecnologia explodiu nos últimos anos, o que provocou uma transformação fundamental na forma como os consumidores incorporam e utilizam a digitalização nas suas vidas. O acesso global à internet atingirá mais de 50% até 2020, enquanto a crescente penetração de smartphones e a ascensão de casas, prédios e cidades inteligentes, tanto no mundo virtual quanto no físico, aumentará a capacidade do consumidor, a conectividade aos serviços e ajudará a simplificar as suas vidas. Neste ambiente, os consumidores terão mais controlo para personalizar, individualizar e solicitar produtos e serviços onde e quando precisarem.
Os retalhistas e os fabricantes precisarão de atender essas necessidades no momento, recorrendo a dados individuais para desenvolver soluções e relacionamentos mais profundos com os seus consumidores.
Está mais do que provado que as preferências em relação às experiências de compra estão relacionadas com a transformação digital. A maioria dos consumidores tem interesse em inovações que visam aperfeiçoar a conveniência e a eficiência em compras, que vão para além do serviço personalizado.
Desta forma, o consumidor digital amadureceu e espera do retalho um novo conceito de experiência que reúna cada vez mais valor e conveniência tanto dentro da loja, como fora dela.