Alimentação sustentável: um passo para salvar o planeta
As nossas escolhas alimentares, para além de interferirem diretamente na nossa saúde, têm um grande impacto no ambiente, biodiversidade e alterações climáticas
23 · 08 · 2019
Ao falarmos em sustentabilidade, associamos imediatamente a ações como não poluir, preservar áreas naturais, reciclar lixo, economizar água, dar preferência às fontes alternativas de energia, etc. Mas raramente lembramo-nos de relacionar com uma das nossas atividades mais básicas: a alimentação.
A nossa alimentação é cada vez mais uma preocupação para o meio ambiente. O problema não está em comer, mas no que comemos e no que é desperdiçado depois.
A evolução da tecnologia permitiu-nos atualmente ter mais comida à disposição, mas a produção de alimentos em escala tem um preço, como o uso desadequado dos recursos naturais. De acordo com a Global Footprint Network, organização de estudos que combate o aquecimento global, “seriam necessários quatro planetas Terra para sustentar o mesmo ritmo de consumo da população mundial até 2050”. Mas nem sempre foi desta forma…
De 1950 a 2010, a população mundial aumentou 3 vezes, até cerca de 7 mil milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, a quantidade de bens e serviços utilizados aumentou 3,6 vezes. Desta forma, triplicaram-se os padrões de consumo, o que tem um impacto gigantesco para o clima e para o meio ambiente, em conjunto com o agravamento dos problemas como o aquecimento global, a poluição e a desertificação.
Com preços mais competitivos, os hábitos antigos perderam-se, que embora fossem inconscientes, incentivam ao aproveitamento completo dos alimentos, a evitar desperdícios, a comprar o necessário e comer menos carne. Atualmente, temos desequilíbrios que são difíceis de ultrapassar, porém compete-nos assumir um papel cada vez maior e mais real.
Os consumidores são cada vez mais exigentes na qualidade dos produtos e preocupam-se cada vez mais com os impactos ambientais aliada e é neste contexto que surge o conceito de alimentação sustentável, que aparece como uma possível solução no alcance de um maior equilíbrio entre a produção alimentar, saúde e proteção ambiental.
Impacto atual da alimentação
Há diversos estudos realizados com o objetivos de avaliar o impacto ambiental da produção de alimentos e, ao mesmo tempo, definir as melhores estratégias para a criação de uma alimentação sustentável.
Verificou-se que a criação de gado gera mais emissões de gases com efeito de estufa do que os transportes e que é também uma das grandes responsáveis dos problemas ambientais atuais: alterações climáticas, degradação do solo, poluição da água, destruição da camada de ozono, entre outros.
Os principais culpados são as produções de carne de vaca e de leite geram emissões que contêm metano, um gás de efeito de estufa que resulta principalmente do processo de digestão de animais e da descomposição do estrume animal. Além disso, a criação de gado é a principal causa da desflorestação e da destruição da Amazónia.
Também por questões de saúde, o excesso de proteína animal é prejudicial, principalmente o consumo carne vermelha com elevado teor de gordura, visto que aumenta o risco de doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro.
O QUE É UM ALIMENTO SUSTENTÁVEL?
É um alimento produzido com recurso a métodos de produção que respeitam o ambiente e os animais. É um alimento produzido localmente e sazonalmente adquirido diretamente dos produtores. Não é processado, de modo a minimizar a quantidade de recursos utilizados. Tem respeito pelo bem-estar do ambiente, dos animais, dos produtores e dos consumidores.
O que é uma dieta sustentável?
Segundo a definição da FAO (2015) citada pelo site da Nestlé, uma dieta sustentável é aquela que contribui para a segurança alimentar e nutricional da população e cujo impacto ambiental é diminuto. A proteção e o respeito pela biodiversidade e pelo ecossistema e a otimização dos recursos naturais e humanos estão também associados a esta definição. Para além disso, a nível nutricional é a mais adequada, segura, economicamente justa e está acessível a toda a população.
COMO FAZER UMA ALIMENTAÇÃO SUSTENTÁVEL?
A nossa contribuição para o planeta pode ser significativa se os consumidores estiverem atentos aos alimentos que compram. Devem ter em atenção três questões: de onde provêm esses alimentos, de forma foram produzidos, e qual é o tipo de alimento.
Leias mais sugestões para ter uma alimentação sustentável:
1. Consuma produtos sazonais e de produção local
Os alimentos da época têm características nutricionais e organoléticas (sabor, odor, cor) superiores, visto que não necessitam de tanto transporte nem métodos de conservação, que emitem gases com efeito de estufa. Tem uma contribuição positiva na promoção da economia local e na melhoria do ambiente, uma vez que utilizam cadeias de frio e menos conservantes. Os alimentos sazonais também estão, geralmente, disponíveis a um preço mais acessível.
2. Priorize produtos nacionais e com o tamanho exigido por lei
A aposta em refeições com produtos de origem vegetal, reduzem significativamente as emissões de gases com efeito de estufa.
Por sua vez, as refeições que apenas incluem alimentos de origem animal, principalmente carnes vermelhas e processadas, têm maior impacto negativo sobre o ambiente.
Neste contexto, é recomendável ocupar metade do prato com produtos de origem vegetal e em menos qualidade com produtos de origem animal.
3. Combata o desperdício alimentar
Planear antecipadamente as refeições diárias possibilita gerir de forma mais eficiente três pontos: a alimentação do dia-a-dia; os recursos utilizados; e o orçamento familiar. Desta forma, numa ida ao supermercado, é importante fazer uma lista prévia para que adquire apenas os alimentos que serão consumidos.
O aproveitamento das sobras de outras refeições e redução do desperdício na preparação e confeção de alimentos também pode fazer toda a diferença.
Para evitar que os alimentos se estraguem com facilidade, dê mais atenção à data de validade dos produtos e acondicione-os convenientemente.
4. Reduza produtos embalados
Substituta as embalagens familiares por individuais e reutilize sempre que possível. Se puder reduzir o consumo de produtos embalados melhor! Opte pelo consumo dos frescos ou quando for necessário, opte por embalagens ecológicas.
5. Prefira uma dieta mediterrânica
É sustentável e benéfica para a saúde, esta dieta é impulsionadora da diversidade no consumo de alimentos e técnicas culinárias que priorizam a utilização de alimentos locais e sazonais. Como consequência, há uma diminuição custos energéticos, de tempo, embalagens e transporte inerentes à importação de alimentos. Este tipo de alimentação ajuda também a moderar o consumo alimentar, o que vai contribuir para a redução do desperdício alimentar.
6. Opte por uma alimentação biológica
Os produtos biológicos são melhores para a saúde, são mais saborosos e mais amigos do ambiente.
7. Consuma menos carne
Para além de contribuir para a diminuição de mortes de milhões de animais que são criados em condições muitas vezes precárias, a diminuição do consumo da carne vai ajudar a minimizar o impacto ambiental causado pela indústria pecuária. A produção de carne, principalmente de vaca, é a maior produtora de gases nocivos para a atmosfera, além do consumo excessivo de recursos e poluição dos solos e lençóis de água. Por isso, optar por fontes de proteína vegetal como as leguminosas e frutos secos é sempre uma opção mais sustentável.
É urgente que todas as pessoas estejam consciencializadas para este assunto e que comecem a praticar, a cada dia, uma alimentação mais sustentável.
Para refletir...
Pensar no futuro passa essencialmente pela mudança da nossa alimentação. Deste modo, depende de nós e das nossas escolhas tornar o mundo melhor. A opção por produtos locais, produtos biológicos e refeições vegetarianas. Evitar escolher produtos processados e excessivamente embalados, e evitar o desperdício alimentar, Faz com que estejemos a ajudar não só a nossa saúde, mas também a cuidar da saúde do planeta e das futuras gerações.
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